A crise fez a Petrobras mudar, ao menos no curto prazo, sua estratégia de venda para o mercado asiático a partir da refinaria comprada no ano passado no Japão. Quando adquiriu 87,5% da Nansei Sekiyu, refinaria de Okinawa, ilha no extremo sul do arquipélago japonês, a estatal brasileira planejava começar, ainda este ano, os estudos mercadológicos para investimentos que a capacitem a processar óleo pesado adquirido de outras refinarias mantidas pela companhia no Brasil e outros países como Angola e Nigéria.
A ideia era vender, a partir de Okinawa, a gasolina com adição de etanol para o mercado asiático. Os estudos de mercado para esse plano foram postergados em pelo menos um ano, explica o presidente da Nansei Sekiyu, Oswaldo Kawakami.
Mesmo com a mudança, a refinaria já começa a vender óleo para o mercado asiático. A Nansei processa derivados de petróleo extremamente leves e seu carro chefe é o óleo combustível com baixo teor de enxofre. Com a dificuldade de conseguir contratos a termo, a Petrobras começa a desovar seu combustível no mercado spot da Ásia, com vendas à China, Coreia, Filipinas, Vietnã e Cingapura. A refinaria chegou a embarcar também para os Estados Unidos e Brasil.
Essas vendas no mercado spot representam atualmente 20% a 25% do total processado na Nansei e tiveram papel determinante para alavancar a produção da refinaria de Okinawa. Quando a Petrobras tomou o controle da empresa, em abril do ano passado, a Nansei processava 25 mil barris ao dia. A produção saltou para os atuais 55 mil barris diários. Segundo Kawakami, a expectativa é continuar com esse nível de produção até o fim do ano. "Nosso desafio é manter esse patamar de processamento. Até agora estamos conseguindo vender a preços competitivos e com lucro", diz o executivo. Kawakami prevê que a refinaria deve encerrar o ano fiscal de 2009 no azul, embora tenha fechado o balanço no vermelho no ano passado.
Kawakami credita, porém, o prejuízo à variação do preço pago pelos estoques da refinaria em 2008. "Na aquisição pagamos US$ 110 o barril (de petróleo), mas no fim do ano o preço do óleo estava a US$ 35 o barril."
Os pequenos embarques a partir de Okinawa fazem parte de um plano da Petrobras para aproveitar a boa localização da Nansei Sekiyu, única refinaria da companhia na Ásia. Kawakami explica que em breve a Petrobras poderá embarcar no Brasil grandes navios petroleiros com destino para a Ásia e com toda a capacidade ocupada, mesmo que a carga não esteja toda vendida. Ele explica que a ideia é o petroleiro descarregar o que já está vendido na China, por exemplo, e deixar o restante na refinaria de Okinawa, para ser comercializado em volumes menores. "Somente grandes cargas compensam o transporte do Brasil para a Ásia. E quando você consegue embarcar navios pequenos o mercado asiático pode se ampliar", diz. A refinaria funcionaria como um grande centro de distribuição para a Ásia, aproveitando o fato de Okinawa estar a menor distância de Taiwan do que de Tóquio, explica.
Além das exportações pelo mercado spot, a Nansei também elevou suas vendas à própria ilha de Okinawa. Cerca de 50% da produção da refinaria abastece a população local. Segundo Kawakami, hoje cerca de 65% do combustível usado na ilha sai das instalações da Petrobras. Os demais 25% da produção são embarcados para Honshu, a principal ilha do Japão, onde está a capital Tóquio.
Para longas distâncias, diz Kawakami, a empresa tem tentado trabalhar com a oscilação de de preços a seu favor. Foi isso que viabilizou embarques de óleo com baixo teor de enxofre para os Estados Unidos, por exemplo. "Como o navio demora pelo menos 50 dias para fazer a entrega, é possível ganhar também com a variação de preços", diz.
Para Kawakami, o investimento para capacitar a refinaria japonesa a processar combustível com etanol não será afetado com a clara preferência das montadoras japonesas em apostar no carro híbrido movido a gasolina e a energia elétrica. A Toyota, por exemplo, lançou em maio um novo modelo do híbrido Prius a preços mais competitivos e divulga que o automóvel a energia elétrica está entre suas prioridades.
O executivo admite que a escolha, se for seguida por toda a Ásia, deve reduzir o mercado de gasolina. "Mas não compromete porque nossa expectativa é de que o consumo de combustível aumente", explica. "Não no Japão, onde a economia já está saturada. Mas em outros países asiáticos. O Vietnã, por exemplo, tem 80 milhões de habitantes, quase metade da população brasileira, mas tem menos de um sexto do consumo brasileiro. Ou seja, é um mercado que ainda tem muito a crescer."
A ideia era vender, a partir de Okinawa, a gasolina com adição de etanol para o mercado asiático. Os estudos de mercado para esse plano foram postergados em pelo menos um ano, explica o presidente da Nansei Sekiyu, Oswaldo Kawakami.
Mesmo com a mudança, a refinaria já começa a vender óleo para o mercado asiático. A Nansei processa derivados de petróleo extremamente leves e seu carro chefe é o óleo combustível com baixo teor de enxofre. Com a dificuldade de conseguir contratos a termo, a Petrobras começa a desovar seu combustível no mercado spot da Ásia, com vendas à China, Coreia, Filipinas, Vietnã e Cingapura. A refinaria chegou a embarcar também para os Estados Unidos e Brasil.
Essas vendas no mercado spot representam atualmente 20% a 25% do total processado na Nansei e tiveram papel determinante para alavancar a produção da refinaria de Okinawa. Quando a Petrobras tomou o controle da empresa, em abril do ano passado, a Nansei processava 25 mil barris ao dia. A produção saltou para os atuais 55 mil barris diários. Segundo Kawakami, a expectativa é continuar com esse nível de produção até o fim do ano. "Nosso desafio é manter esse patamar de processamento. Até agora estamos conseguindo vender a preços competitivos e com lucro", diz o executivo. Kawakami prevê que a refinaria deve encerrar o ano fiscal de 2009 no azul, embora tenha fechado o balanço no vermelho no ano passado.
Kawakami credita, porém, o prejuízo à variação do preço pago pelos estoques da refinaria em 2008. "Na aquisição pagamos US$ 110 o barril (de petróleo), mas no fim do ano o preço do óleo estava a US$ 35 o barril."
Os pequenos embarques a partir de Okinawa fazem parte de um plano da Petrobras para aproveitar a boa localização da Nansei Sekiyu, única refinaria da companhia na Ásia. Kawakami explica que em breve a Petrobras poderá embarcar no Brasil grandes navios petroleiros com destino para a Ásia e com toda a capacidade ocupada, mesmo que a carga não esteja toda vendida. Ele explica que a ideia é o petroleiro descarregar o que já está vendido na China, por exemplo, e deixar o restante na refinaria de Okinawa, para ser comercializado em volumes menores. "Somente grandes cargas compensam o transporte do Brasil para a Ásia. E quando você consegue embarcar navios pequenos o mercado asiático pode se ampliar", diz. A refinaria funcionaria como um grande centro de distribuição para a Ásia, aproveitando o fato de Okinawa estar a menor distância de Taiwan do que de Tóquio, explica.
Além das exportações pelo mercado spot, a Nansei também elevou suas vendas à própria ilha de Okinawa. Cerca de 50% da produção da refinaria abastece a população local. Segundo Kawakami, hoje cerca de 65% do combustível usado na ilha sai das instalações da Petrobras. Os demais 25% da produção são embarcados para Honshu, a principal ilha do Japão, onde está a capital Tóquio.
Para longas distâncias, diz Kawakami, a empresa tem tentado trabalhar com a oscilação de de preços a seu favor. Foi isso que viabilizou embarques de óleo com baixo teor de enxofre para os Estados Unidos, por exemplo. "Como o navio demora pelo menos 50 dias para fazer a entrega, é possível ganhar também com a variação de preços", diz.
Para Kawakami, o investimento para capacitar a refinaria japonesa a processar combustível com etanol não será afetado com a clara preferência das montadoras japonesas em apostar no carro híbrido movido a gasolina e a energia elétrica. A Toyota, por exemplo, lançou em maio um novo modelo do híbrido Prius a preços mais competitivos e divulga que o automóvel a energia elétrica está entre suas prioridades.
O executivo admite que a escolha, se for seguida por toda a Ásia, deve reduzir o mercado de gasolina. "Mas não compromete porque nossa expectativa é de que o consumo de combustível aumente", explica. "Não no Japão, onde a economia já está saturada. Mas em outros países asiáticos. O Vietnã, por exemplo, tem 80 milhões de habitantes, quase metade da população brasileira, mas tem menos de um sexto do consumo brasileiro. Ou seja, é um mercado que ainda tem muito a crescer."
Fonte: Valor Econômico - 19/06/2009
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